domingo, 27 de março de 2011

comptine d'un autre été: l'après-midi

tecla, martelo, corda(...)tecla, martelo, corda(...)

subo as escadas, deslizando a palma da mão pelo já gasto corrimão de madeira. sigo aquele desvanecido raio de luz, que num movimento ondulatório delicado, traz consigo a pauta que tocas. apenas o doce crepúsculo matutino que se escapa pela porta encostada, é capaz de me provocar tal enlevo. o ranger dos passos que vou dando ao subir os

velhos degraus, é lentamente silenciado pelo apressar da percussão dos teus dedos no teclado. não quero que sintas que estou aqui. assim, sorrateiramente, delicio-me na tua privacidade. acabo por me sentar no último degrau, o mais frio de todos. onde, de maneira gentil, sacudo as pedras de gelo que rapidamente entram em comunhão com aquele whisky de puro malte que tanta vida dá ao meu copo. sofro com a leve brisa que entra pela tua janela. dilacerando a porta e arrastando com ela cada impulso, agitação, sentimento, gota de suor, lágrima...entregaste-te ao piano de uma maneira que nunca o fizeste ou farás por mim. mas não pares, não agora. abusa do pobre piano. toca! toca alto! toca de maneira excessiva! não quero que me ouças chorar...

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