domingo, 27 de março de 2011

comptine d'un autre été: l'après-midi

tecla, martelo, corda(...)tecla, martelo, corda(...)

subo as escadas, deslizando a palma da mão pelo já gasto corrimão de madeira. sigo aquele desvanecido raio de luz, que num movimento ondulatório delicado, traz consigo a pauta que tocas. apenas o doce crepúsculo matutino que se escapa pela porta encostada, é capaz de me provocar tal enlevo. o ranger dos passos que vou dando ao subir os

velhos degraus, é lentamente silenciado pelo apressar da percussão dos teus dedos no teclado. não quero que sintas que estou aqui. assim, sorrateiramente, delicio-me na tua privacidade. acabo por me sentar no último degrau, o mais frio de todos. onde, de maneira gentil, sacudo as pedras de gelo que rapidamente entram em comunhão com aquele whisky de puro malte que tanta vida dá ao meu copo. sofro com a leve brisa que entra pela tua janela. dilacerando a porta e arrastando com ela cada impulso, agitação, sentimento, gota de suor, lágrima...entregaste-te ao piano de uma maneira que nunca o fizeste ou farás por mim. mas não pares, não agora. abusa do pobre piano. toca! toca alto! toca de maneira excessiva! não quero que me ouças chorar...

sábado, 19 de março de 2011

o profundo silêncio das manhãs de domingo

pregaste-me ao chão com todos os pregos que tinhas na mão. repugnante feito. és tão incapaz!

para a próxima faz pontaria e acerta no coração. talvez assim, a minha dor vagueie sozinha, estou cansado de a levar pela mão. fumo cigarro atrás de cigarro. whisky, suave, amadeirado, envelhecido... procuro preencher o espaço que é teu, mas que já não satisfazes. odeio sentir a tua falta. a cama tornou-se apertada, gélida, vive na agonia de não te ter por mais uma noite. sentado no canto, junto à janela, reclino a cabeça na parede. percorro quilómetros tentando fugir da tua imagem que me rasga a alma. transpiro o sangue que ferve dentro de mim. adormeço.

(carimbaste-me a pele e eu nem dei por ela)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


"rather than love, than money, than faith, than fame, than fairness... give me truth." (into the wild)







não vejo a hora de sair de casa. fumo cigarros atrás de cigarros à varanda.
o que fazer no próximo ano? esta pergunta assusta-me mais do que tudo. sair deste lugar é uma prioridade. já vi e vivi demais aqui. preciso de novas imagens, de ruas novas e de casas novas. Tudo o que me poderia chamar a atenção por aqui, está gasto. já tudo foi pintado.
quero viver numa casa sozinho com café e cigarros. talvez levasse um papel, uma caneta e uma pilha enorme de cd’s de música para não me sentir só.
isso sim, era vida. sem ter que me preocupar com os trabalhos da escola, os horários das pessoas ou qualquer outra merda que nos preenche desnecessariamente a vida.
a casa vai ser rústica. é tudo mais bonito com aquele toque vintage.
Afinal também quero um cão.

(e já agora alguém para partilhar o cigarro)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

your sex is on fire





Your sex is on fire, Consumed with what's to transpire
sento-me. escrevo nestas linhas que em tempos pareciam direitas e deixo-me dissolver. a noite deambula pela cidade sem saber que os meus olhos a percorrem de alto a baixo. tudo é mais bonito quando este manto negro cobre a cidade. a casa em ruínas, a estrada vazia, o gato que procura timidamente alguns restos de comida que outros deixaram, os últimos resistentes da noite que por razão alguma ainda andam solitários por estas ruas. é a puta que está a regressar a casa, o bêbedo que não encontra o caminho, o drogado que não tem como se levantar e o velho do jardim que fuma cigarros atrás de cigarros empurrados pelo tinto.
devo ser diferente por gostar de cenários degradantes. sou de certeza. que outro cabrão se lembraria de vir para o meio da rua as quatro da manhã apenas para observar estas pessoas? a noite é crua, é fria. e enquanto vejo este panorama deixo de pensar em ti por breves minutos. distraio-me de todo esse veneno que injectaste na minha veia que nem drogado ressacado. estes problemas sim, são importantes! estas pessoas sim, sofrem! ao olhar para eles sinto que afinal os meus problemas não passam de coisas insignificantes e que com o tempo tudo irá passar. o tempo cura tudo. (ou pelo menos quero acreditar fortemente nisso)
peço ao senhor do jardim para partilhar uma história comigo. roda-me a garrafa de tinto. eu retribuo o gesto e rodo-lhe o charro . afinal os velhos também gostam de erva.
o toque irritante do meu telemóvel faz questão em interromper a conversa. chegou a minha hora. caminho agora para casa e uma puta pisca-me o olho. pobre coitada.
abro a porta e refugio-me no quarto sem sequer dar tempo à minha mãe para pregar sermões. não estou para isso agora.
ponho noah and the whale a dar no leitor. abro a janela e fumo um cigarro em sinal de despedida da noite. esta música não combina comigo hoje. mudo para kings of leon.
quero dormir mas o meu pensamento desvia-se. não paro de pensar em ti. merda! foder é bem mais simples. sem ter a tal preocupação de receber uma mensagem dela a qualquer momento.
vou fechar a sebenta, as linhas parecem direitas novamente.
carimbaste-me a pele e eu nem dei por ela

domingo, 16 de janeiro de 2011

camel precisa-se

"Tu és um mundo com mundos por dentro"



"Danilo acorda, são horas de almoçar!"
oh gosh, novamente não preguei olho a noite inteira. estás a apoderar-te do meu pensamento e a esgotar a minha sanidade mental. deixa este jogo, vem agarrar-me a mão urgentemente e trás-me um camel, tou a desesperar!